O Presidente angolano, general João Lourenço, numa posição subscrita pelo Titular do Poder Executivo, general João Lourenço, e pelo Presidente do MPLA (partido no Poder há 49 anos), general João Loureço, disse hoje que Portugal e Angola estiveram “sempre juntos nos bons e maus momentos”, sublinhando que a relação “é para continuar”, independentemente do partido que está no poder num ou no outro país.
O general João Lourenço, que falava à comunicação social, após um encontro com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e a assinatura de instrumentos jurídicos entre as delegações dos dois países, realçou o facto de ser a primeira visita de Luís Montenegro a Angola, pouco depois dos primeiros 100 dias de governação e três meses depois de estarem juntos em Lisboa para celebrar o 25 de Abril.
Um facto “que reflecte a importância que Portugal dá as relações de amizade e cooperação com um país membro da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] que é Angola”, disse o Presidente angolano, sublinhando que os dois países, nos bons e nos maus momentos, estiveram sempre juntos.
“Apoiámos-mos mutuamente nos bons momentos e maus momentos de Angola e de Portugal e é assim que a nossa relação vai continuar, é uma relação entre Estados, não é entre partidos políticos”, continuou, destacando que quem tem responsabilidade de definir a força política que vai governar em cada país são os respectivos eleitores.
Embalado na sua excelente capacidade para contar anedotas, desde logo – e como aperitivo – a referência (que não se aplica a Angola) a que são os eleitores quem escolhe quem vai governar, João Lourenço afirmou que “só temos de respeitar a vontade dos eleitores. [Nós] temos sabido respeitar esse princípio de que as relações são entre Estados, razão pela qual, ao longo de estes 50 anos [de independência], independentemente de quem está no poder num país ou no outro, quase não se sente esta mudança de cadeiras”. Aplausos. De facto, em Angola não se nota qualquer mudança de cadeiras. Há 49 anos que são exclusivamente ocupadas sempre pelos mesmos, os do MPLA.
João Lourenço indicou que, com Portugal, Angola tem desenvolvido relações de cooperação (compra de bajulação) que abrangem praticamente todos os domínios da economia e encorajou a mais investimento privado português no seu país, nomeadamente no campo das infra-estruturas públicas, já que uma economia de mercado deve dar maior espaço ao sector privado.
Pelos vistos, em “off”, o general João Lourenço terá responsabilizado os portugueses por não terem explicado, de forma explícita e documentada, que as couves devem ser plantadas com a raiz para baixo…
João Lourenço afirmou também que todas as empresas portuguesas são bem-vindas em Angola, e que também há interesse em que as empresas do MPLA cresçam e se internacionalizem passando por Portugal.
O chefe de Estado, em sintonia total com o Presidente do MPLA e com o Titular do Poder Executivo, falou também sobre o incremento da linha de crédito em mais 500 milhões de euros, hoje anunciado pelo primeiro-ministro português, adiantando que já foi tomada a decisão sobre o destino a dar a essa verba, que não quis revelar.
O general João Lourenço corrigiu também o número de instrumentos jurídicos que foram assinados esta manhã, de oito para 12, dizendo que nas últimas horas foram concluídos mais quatro acordos, o que é demonstrativo da importância das relações entre os dois países.
Por outro lado, e aproveitando a ida de Luís Montenegro à Feira Internacional de Luanda (Filda), na quarta-feira, onde terá oportunidade de interagir com expositores portugueses, e a Benguela, na quinta-feira, onde poderá ver projectos executado por empresas portuguesas na província que era para ser a Califórnia de Angola, João Lourenço assinalou que há um “espectro muito grande de oportunidades por explorar”.
“Este esforço comum deve ser constante para tirar o maior proveito das potencialidades dos dois países”, destacou.
Desconhece-se se avançaram as negociações para que sejam empresas portuguesas a construir o caminho marítimo para o Huambo…
Registe-se também que, como não poderia deixar de ser, Luís Montenegro prestou homenagem ao maior genocida angolano, Agostinho Neto, responsável pelo assassinato de milhares e milhares (talvez 80 mil) de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977.
Por sua vez, a CNN Portugal descobriu a pólvora. A propósito da visita do primeiro-ministro português, a CNN afirmou que depois de ser recebido pelo Presidente da República, general João Lourenço, Luís Montenegro teria uma reunião com o primeiro-ministro de Angola.
Pelos vistos ninguém explicou a alguns jornaleiros do prostíbulo português que o general João Lourenço é, apenas e só, Presidente da República (não eleito), Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas.